Lição 01 – O Homem – corpo, alma e espírito

Por: Coop. Geisel de Paula

Texto base: Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23

A criação do Homem

“Jesus Cristo nunca encontrou uma pessoa que não fosse importante. Foi por isso que Deus enviou seu Filho para morrer por nós. Se alguém morre por você, significa que você deve ser importante”.

M. C. Cleveland

São três as grandes perguntas feitas pelo homem sobre a face da terra. De onde eu vim, quem eu sou e para onde eu vou. Se dentro do estudo da doutrina de Deus, nós procuramos responder a primeira das três grandes questões da humanidade “De onde eu vim?”, dentro do escopo de antropologia que vamos estudar agora, tentaremos responder a segunda grande questão: “Quem eu sou e qual é o propósito da vida?” e quanto a terceira e derradeira questão “Para onde eu vou?” deixaremos para estudar quando o assunto do trimestre for o de escatologia.

Por que Deus nos criou? Como Deus nos fez semelhantes a ele próprio? Como podemos agradá-lo pelo nosso viver? Qual é o propósito da vida? Vamos começar respondendo pela última: o fato de Deus ter nos criado para a sua própria glória é a resposta correta. Nosso propósito deve ser cumprir a meta para qual Deus nos criou: glorificá-lo. Quando falamos com respeito ao próprio Deus, eis aí um bom resumo do nosso propósito. Disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo.10:10). Davi diz sobre Deus: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl.16:11). Essa compreensão da doutrina da criação do homem traz resultados bastante práticos. Quando percebemos que Deus nos criou para glorificá-lo, e quando passamos a agir a fim de cumprir esse fim, então começamos a experimentar uma intensidade de alegria no Senhor que antes não conhecíamos.

Muitos dizem que Deus nos chamou para a felicidade. Veja que eu disse chamou e não criou. Eu acredito que o homem era feliz no Jardim. O que fez com que ele achasse que lhe faltava alguma coisa, somente os nossos primeiros pais poderiam dizer. Com a entrada do pecado a felicidade não era mais uma garantia, e não é até hoje. Não acredito que o Cristianismo prometa felicidade, pois não há texto bíblico que informe isso, e sim a promessa de uma vida abundante (Jo.10.10), mas como isso se aplica na prática é um mistério. O próprio Jesus teve uma vida simplória, os seus discípulos com exceção de João morreram martirizados, sem contar as famosas bem-aventuranças, que são exatamente o contrário do que a sociedade prega como felicidade para o homem pós-moderno. Parece que a felicidade segundo Deus é bem diferente da nossa felicidade.

René Descartes (1596-1650) dizia que “Penso. Logo existo”. Mas o que realmente nos diferencia do restante da criação de Deus? A criação do homem foi diferenciada de todos os outros seres e elementos da natureza. Ele não foi feito a partir do nada (ex nihilo) como tudo o que existe, mas a partir de substâncias já existentes, como se Deus literalmente colocasse a mão na massa “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7). Enquanto os outros seres e elementos foram criados sob o impacto do fiat (“faça-se”) de Deus, o homem teve criação de modo bem diferente. Em lugar de apenas dizer: “Faça-se”, “produza”, o Senhor disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn.1:26). Segundo Elinaldo Renovato, pastor assembleiano, Deus não fez um boneco de barro, ou de argila. Ele fez o homem “do pó da terra”, ou seja, das substâncias ou dos elementos químicos que existem no barro ou no pó da terra.

Atualmente, existem 118 elementos químicos na Tabela Periódica composta por símbolos químicos. Destes, cerca de 26 elementos são encontrados no organismo humano. Oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio constituem aproximadamente 96% de nossa massa corpórea. Outros elementos como cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, magnésio, iodo e ferro, constituem aproximadamente 3,9% da nossa massa corpórea. Outros treze elementos químicos encontrados no corpo humano são chamados de elementos-traço, por serem encontrados em baixas concentrações, e constituem na sua totalidade, o 0,1% restante (boro, cromo, cobalto, cobre, flúor, manganês, molibdênio, selênio, silício, estanho, vanádio e zinco).

Assim, por um processo sobrenatural, Deus extraiu do barro os elementos químicos que formam o corpo humano, os combinou de forma especial e formou o homem do pó da terra. Jó, numa percepção de valor científico concedida por Deus, assim se expressou: “Peço-te que te lembres de que, como barro, me formaste, e de que ao pó me farás tornar”. (Jó.10:9). Ele sabia que o homem foi formado “como barro”, e não “de barro”. O homem é pó e ao pó reverterá, quando o elemento espiritual (espírito + alma) dele se afastar, no processo da morte física.

A unidade da raça

A raça humana não constitui somente uma unidade racial, mas todos os homens vêm de um só tronco, sendo todos membros da mesma árvore genealógica. Paulo, o apóstolo, ensinou isto claramente quando estava instruindo os sábios no Areópago. Referindo-se ao ―Deus desconhecido dos helênicos, ele apresentou o Deus verdadeiro como sendo o Deus criador, que fez todas as cousas que há no mundo (At.17.24), o Deus autossuficiente (v.25) e, então, mostra a unidade da raça humana, dizendo: ―de um só fez toda raça humana para habitar sobre a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação (v.26). Citando provavelmente o poeta pagão Arato, Paulo diz que ― Dele também somos geração. Sendo, pois geração de Deus... (v.28b-29a). Há uma ligação orgânica entre todos os membros da raça humana. Todos procedem de uma só raiz. Há outros textos da Escritura que indicam que a humanidade toda veio de um só homem (Rm.5.12,19; 1Co.15.21-22).

O Testemunho da Ciência: — As várias ciências têm corroborado para mostrar a veracidade do testemunho das Santas Escrituras com respeito à unidade da raça humana.

O estudo da história tem mostrado a veracidade da Escritura. Muitos grandes eruditos têm crido que a civilização teve o seu começo nas terras mencionadas no Gênesis (região da Mesopotâmia, Armênia, Babilônia, etc.). Todos os homens vieram de uma região somente, e que, ao depois, se espalharam por todas as parte da terra.

O estudo da filologia comparada tem mostrado o fato da íntima relação entre todas as divisões da raça humana. Todas as línguas tiveram a sua origem num centro comum.

O estudo da psicologia tem mostrado que a parte imaterial do homem, a alma, seja onde for que ele viva, é essencialmente a mesma. Todos os homens, em todos os lugares, têm os mesmos apetites, os mesmos desejos, as mesmas inclinações, as mesmas capacidades mentais, afetivas e emocionais, o que aponta para a origem comum deles.

O estudo da fisiologia aponta para a unidade da raça humana, também. As variedades de raças dentro da raça humana apenas apontam para as diferentes regiões onde vivem, mas basicamente todas as raças vem de um só tronco original. Todos os homens têm a mesma conformação física, não importa quão separadas as raças tenham estado por milhares de anos.

Ideias evolucionistas sobre as raças, ensinadas por muitas décadas, estão agora tão arraigadas nos pensamentos de algumas pessoas que é quase impossível corrigir suas percepções erradas. Nenhum grupo de pessoas é menos evoluído do que outro. Seja um norueguês de olhos claros, um pigmeu africano, um aborígene australiano, um japonês ou um indiano. Todos tem a mesma compleição física. De fato, a diferença genética entre quaisquer duas pessoas é apenas cerca de um décimo de um por cento (0,1%) — insignificante, na melhor das hipóteses. Ideias eugenistas como as difundidas pela Ku Klux Klan e pelo Nazismo são anticientíficas e antibíblicas. No Evangelho, segundo o apóstolo Paulo, “não há grego (gentio) ou judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre, não há macho ou fêmea, mas Cristo é tudo em todos e todos vós sois um em Cristo Jesus” (Cl.3.11; Gl.3.28 Rm.10.12).

O significado de “imagem de Deus” – De todas as criaturas que Deus fez, só uma delas, o homem, diz-se ter sido feita “a imagem de Deus” (a expressão latina imago Dei significa “imagem de Deus’ e é usada em debates teológicos em lugar da expressão vernácula). Mas o que isso significa? Podemos usar a seguinte definição: o fato de ser o homem a imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o representa. Houve muita discussão na igreja antiga com referência a “imagem” e “semelhança”: seriam tais palavras duas maneiras de se referir ao mesmo fato, ou dois modos diferentes de os seres humanos se parecerem como Deus? Quando Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn.1:26), isso significa que ele pretende fazer uma criatura semelhante a si. As palavras hebraicas que exprimem “imagem” (tselem) e “semelhança” (demir) se referem a algo similar, mas não idêntico.

Os teólogos gastaram muito tempo tentando especificar uma característica do homem, ou bem poucas delas, em que se vê primordialmente a imagem de Deus. Alguns já cogitaram que a imagem de Deus consiste na capacidade intelectual do homem. Outros conceberam que a imagem de Deus era uma referência à pureza moral original do homem, ou ao domínio humano sobre a terra. Viemos de Deus. O próprio Darwin não nega a autoria de Deus. Ele encerra o seu primeiro grande livro com a declaração de que a vida, com todas as suas potencialidades, originalmente é consequência do sopro “do criador nas primeiras formas do ser orgânico”. Ele estava satisfeito de que na sua teoria, não havia nada inconsistente com a primitiva fé cristã.

A queda: a imagem de Deus se distorce mas não se perde – Podemos nos perguntar se é possível conceber que o homem, mesmo depois de pecar, ainda é como Deus. Essa pergunta é respondida ainda no início do Gênesis, onde Deus dá a Noé a autoridade de estabelecer a pena de morte para o homicídio logo após a enchente; Deus diz: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem” (Gn.9:6). Mesmo sendo os homens pecadores, ainda resta neles bastante semelhança a Deus. O homem ainda é a imagem de Deus. O Novo Testamento confirma isso em (Tg.3:9) falando da língua: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”.

Embora o homem ainda seja a imagem de Deus, em cada aspecto da vida alguns elementos dessa imagem foram distorcidos ou perdidos. Em suma, “Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec.7:29). Permanecemos, então, à imagem de Deus – ainda somos como Deus e ainda representamos a Deus – mas a imagem de Deus em nós está distorcida, somos menos plenamente como Deus do que o éramos antes do surgimento do pecado na humanidade.

BIBLIOGRAFIA

QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito – A restauração integral do Ser Humano para chegar à estatura de Cristo. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 2025. 1ª Edição.

SUPERINTERESSANTE, Revista. Editora Abril.

https://super.abril.com.br/tudo-sobre/corpo-humano/