Lição 04 – Uma Igreja cheia do Espírito Santo
Texto base: Atos dos Apóstolos 4:24-31
Um dos fatores que indicam que um movimento nasceu realmente de Deus e da força de seu Espírito é que esse trabalho geralmente, via de regra, será acompanhado de oposição. Parece, quando olhamos para a história que a perseguição este sempre assolando um trabalho que está frutificando espiritualmente. Isso nos leva a pensar se o contrário é verdadeiro. Será que um trabalho que não sofre resistência por parte do inimigo está de fato agradando a Deus? Um movimento que não sofre reveses está seguindo verdadeiramente na direção certa? A Bíblia não diz que a amizade com o mundo é inimizade com Deus (Tg.4:4)?
Dizer que gostamos da perseguição seria uma mentira deslavada, um gesto masoquista, mas parece verdadeiro que a perseguição nos deixa mais próximos de Deus. Era assim no período dos juízes, quando o povo resolvi buscar a Deus apenas quando a situação estava terrível, era assim no período dos reis, muitos desviados que levavam o povo a pecar e assim Deus levantava profetas proferindo juízo, e Jesus também informa que assim se daria também no período da graça (Mt.9:14,15). A verdade é que a bonança nos deixa moles. Sheik Rashid, o fundador de Dubai disse com muita propriedade: “Meu avô andava de camelo, meu pai andava de camelo, eu andava de Mercedes, meu filho andava de Land Rover e meu neto vai andar de Land Rover, mas meu bisneto vai ter que andar de camelo novamente”. Então lhe perguntaram por quê. E ele disse: “Tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis criam homens fracos, homens fracos criam tempos difíceis”.
Não estou querendo dizer que a minha geração é a melhor de todas, porque não é. Mas essa geração que está vindo aí hoje é mimizenta demais! Nutella demais! Dodói demais! A geração Babybommers foram os que nasceram a partir de 1950 até 1964. De 1965 até 1980 foi a geração X. A geração Y são os que nasceram entre 1981 e 1996, a geração Z são aqueles que nasceram de 1997 até 2012 (geração digital), a geração Alpha a partir de 2013 até 2024 e a geração Beta os que nasceram a partir de 2025 e vão até 2040, que vai dar lugar a geração gama e assim sucessivamente. Qual será a geração do anticristo? Difícil dizer, mas estamos em velocidade galopante para que isso se torne uma realidade.
Agora precisamos discorrer do tipo de enfrentamento que estamos falando. É claro que toda oposição é de cunho espiritual e vem de uma fonte apenas. Do inimigo de nossas almas, o Diabo. Agora como é que se manifesta essa oposição? Considero que de duas formas: a externa e a interna. A externa vem de pessoas ímpias que não servem a Deus e não o conhecem; já a interna vem de dentro, de religiosos, de gente que conhece a Deus, ou pelo menos deveria conhecer, mas não aceitam que ele se manifeste com liberdade, apenas do jeito que eles acham que deve ou deveria ser.
A perseguição externa é mais fácil de ser assimilada. Se você é vizinho de um centro de macumba, e ao sair de casa, percebe um despacho no portão de sua casa, você meio que aceita essa situação como parte da normalidade pois todos sabemos que a luz não se mistura com as trevas. Se o seu chefe te persegue, e você vê que é uma perseguição que se dá pelo simples fato de você ser crente e servir a Deus, e seu chefe é ímpio, você sabe que as forças do mal estão agindo contra você e aquilo que você crê; se na sua escola, o professor ateu te persegue pelo fato de ser cristão, você sabe que o ataque é contra a sua fé e contra tudo aquilo que você acredita. Costumamos encarar isso de forma natural até. Quando o imperador Nero culpou os cristãos pelo incêndio de Roma ninguém teve dúvidas de que era uma perseguição externa da fé.
Agora, e quando a perseguição é interna? De gente que aparentemente comunga a mesma fé que você? O episódio em questão que estamos estudando a perseguição é assim: interna. Veja o que diz Atos 4:1-3, 5,6. (sacerdotes, saduceus, principais, anciãos, escribas, Anás [Sumo sacerdote], Caifás [sogro] e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote). Eles eram da religião, mas não de Jesus. Veja o que Pedro diz: ‘...em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes...’ – (v.10) e ‘...Ele é a pedra que foi rejeitada por vós...’ (v.11) e fez questão de afirmar com convicção: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (v. 12) – Pedro estava falando de Jesus.
Como devemos enfrentar a oposição interna? E se o seu pastor te proíbe de evangelizar? Um pastor já disse a nós que evangelizar na FEBEM era inútil e de que o nosso trabalho não rendia frutos locais. Como responder a uma questionamento desse tipo? Será que temos que obedecer às autoridades constituídas ou devemos obedecer ao mandado de Deus? Pedro diria: “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” – (v. 20). E posteriormente Pedro declarou: “É mais importante obedecer a Deus que os homens” – (v. 29).
Isso é muito difícil em algumas circunstâncias. É preciso romper a bolha da instituição e pensar de forma libertária que Cristo está acima de qualquer religião instituída. Os apóstolos romperam a bolha do Judaísmo ao escolherem a Cristo; os pais da igreja romperam a bolha da Filosofia quando preferiram a excelência que há em Cristo; Martinho Lutero e os Reformadores romperam a bolha do Catolicismo quando preferiram a liberdade que existe em Cristo do que as algemas da religião; John Wesley rompeu a bolha com a igreja Anglicana quando esta lhe fechou as portas para a pregação da Palavra de Deus; Daniel Berg e Gunnar Vingren romperam a bolha com a igreja Batista quando foram ‘convidados’ a se retirarem por causa do batismo com o Espírito Santo. E se acontecer de novo? E se acontecer na Assembleia de Deus? E se te proibirem de cumprir a vontade de Deus? A escolha deve ser sempre em fazer a vontade de Deus do que obedecer a homens. A ousadia de quem está disposto a morrer pela causa sempre causará em quem ouve um gigantesco impacto, de quem só acredita da boca para fora e isso não depende do seu conhecimento argumentativo, como é bem explícito aqui (v. 13). É impressionante o fato de que ficaram sem ter o que dizer, porque contra fatos não há argumentos (v. 14,16).
A resposta de qualquer tipo de perseguição que venhamos a enfrentar, seja ela externa ou interna, foi e continua sendo a oração. Depois que eles escutaram os relatos de Pedro e João unanimemente levantaram a voz (unânimes) a Deus em oração, e disseram: “Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há (adoração); Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido (o que passam não tem nada de novo). Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel (a perseguição não é contra eles e sim contra o próprio Cristo); Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer (eles já tinham sido avisados que seria assim). Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra (aqui tem um mistério: eles não pedem o fim da perseguição e sim a capacitação para que continuem sendo testemunhas fiéis de Cristo); Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus (o final que importa, é que o nome do Senhor Jesus seja glorificado)” (At.4:24-30).
Lucas relata que, “tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos” (v. 31). Isso deve ter sido visto poucas vezes, ou teríamos mais notícias de casos assim, mas eu creio que Deus continua o mesmo. A presença dele é tão forte e real no lugar que as estruturas ‘sentem’. “E tendo orado [...] todos foram cheios do Espírito Santo” (v. 31). Aqui vemos a diferença entre ser batizado e ser cheio. Eles já haviam sido batizados, mas foram de novo revestidos de poder, foram cheios. “E tendo orado [...] anunciavam com ousadia a Palavra de Deus” (v. 31). O termo aqui é parrésia que significa autoridade, poder para testemunhar. Antigamente víamos essa autoridade na presença de muitos irmãos no começo das Assembleias de Deus no Brasil. Hoje, carecemos desta ousadia quando somos confrontados pelos caluniadores que adoram arrotar que são ateus, mas na verdade, vivem vidas vazias. Quem irá confrontá-los?
Bibliografia
EARLE. Ralph. MAYFIELD. Joseph H. Comentário Bíblico Beacon – João a Atos. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2006.
NEE. Watchman. A vida cristã normal. Editora Fiel. São José dos Campos.
GONÇALVES. José. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2025.
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Autoria: Geisel de Paula