Lição 09 – O caminho, a Verdade e a Vida

ADULTOS | 3° TRIMESTRE 2025

O capítulo 14 do Evangelho de João começa com uma fala de Jesus sobre a saúde emocional de seus discípulos: “Não se turbe o vosso coração”. Na nossa linguagem: “Não fiquem preocupados”. Ora, se o noivo ainda estava com eles (Mt.9:14.15), por que estavam tristes e preocupados? Para sabermos disso, precisamos olhar o contexto imediato dessa passagem no capítulo 13, onde Jesus confessa que um deles haveria de o trair, embora eles não soubessem quem (Jo.13:21,22), e também pelo fato de Jesus dizer que iria para um lugar onde eles não podiam ir (Jo.13:33), ou ainda pelo fato de Jesus ter dado um novo mandamento que para eles soava como algo impossível (Jo.13:34,35), ou ainda pelo fato de que Pedro, o discípulo mais garganta dos doze, mesmo ele, iria traí-lo (Jo.13:36-38). Por uma dessas circunstâncias ou por todas elas, os discípulos estavam coçando a cabeça, preocupados.

A maneira como Jesus achou de consolar os seus discípulos foi a de fazer com que olhassem para o futuro, não imediato, mas posterior, no fim de tudo. Como lidar com a perda do Jesus histórico? Fazendo eles entenderem que o lugar para onde ele vai tem outras moradas, ou seja, tem espaço mais do que suficiente para todos eles. O que parecia vergonha seria vitória; o que parecia ser o fim, de fato, seria o começo de tudo. O caminho a percorrer seria doloroso, mas o seu fim seria glorioso. Jesus declarou que o caminho de Deus é o caminho das moradas celestiais pois a expressão ‘casa de meu Pai’ se refere ao céu (Jo.14:2). Bom, na cabeça de Jesus isso deveria ser o suficiente para que os discípulos deixassem de se preocupar e focassem no que realmente importa. O quê? Será que é o céu? Acredito que é bom mas ainda não é isso. O segredo está no que Jesus diz no versículo 3: “E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.

Se Jesus não for suficiente, nada será. Jesus poderia prometer baús com tesouros, um lote grande no céu, ou como outras religiões prometem o nirvana (budismo), ser um espírito de luz (espiritismo), a terra renovada ou um lugar no céu (testemunhas de Jeová) ou 40 virgens para você se satisfazer para sempre (islamismo), mas o Cristianismo de Jesus promete apenas uma presença, uma pessoa, a única companhia que realmente importa. O céu só é céu porque Jesus está lá. O céu sem Jesus não teria a menor graça. É isso que muita gente em nosso meio ainda não entendeu. Como diz a letra do hino ‘O Céu é Jesus’, de Jader Santos:

Pois não existe céu sem Jesus

E não existe paz sem Jesus

Sem Ele a riqueza do universo é sem valor

Pra que mar de cristal, sem Jesus?

E flores que não murcham, sem Jesus?

Pra que viver pra sempre, sem ter a companhia de Jesus?

Eu volto a afirmar, o céu é aqui se aqui Jesus está.

Jesus disse aos discípulos que eles sabiam o caminho, ao que Tomé perguntou: “Nós não sabemos para onde vais, como podemos saber o caminho”? Então Jesus disse a famosa frase que usamos para evangelizar pecadores, mas que na verdade Jesus falou para crentes: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. Quando Jesus declarou “Eu sou o caminho”, não estava mostrando um caminho através de algum princípio ou de uma regra, mas mostrava a si mesmo: “Eu sou o caminho(Mc.12.14; Lc.20.21). Quando nos deparamos com o pronome EU, significa que não somos salvos por algum princípio que tenhamos adotado, ou por alguma força espiritual, mas, sim, pelo Filho de Deus. O nosso Deus é um Ser Pessoal e, por isso, Jesus é a Pessoa que nos une indissoluvelmente com Deus o Pai (Mt.11:27,28).

Jesus Cristo é a verdade, a essência da verdadeira religião. Não existem outras verdades além dele. Tiago, irmão do Senhor, escreveu em sua Epístola: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo(Tg.1.27). Jesus tem na sua essência o conteúdo único e singular que o mundo não tem, Ele é “o Verbo que se fez carne(Jo.1.14), Ele é a verdade que o mundo precisava e ainda precisa conhecer. Ele é a verdade que se opõe à mentira que opera no mundo. Ele é, portanto, a fonte fidedigna da revelação redentora que traz à luz o conhecimento acerca do Pai (Jo.14.7).A Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo(Jo.1.17).

Aquele que aceita Jesus Cristo como único caminho recebe sua verdade e submete-se a Ele e, pela fé, recebe a vida eterna. Quando Ele diz “Eu sou a vida”, não está se referindo à vida física, a ter mais saúde e força, nem, tão pouco, se refere ao fôlego e à respiração. Ele não está se referindo à vida da alma humana, e sim à vida que se opõe à morte, porque só Cristo pode dar vida eterna (Jo.3.16; 5.26; 6.33; 10.28; 11.25).

O doutor e teólogo William Hendriksen escreveu em seu Comentário sobre João que “esses três conceitos (caminho, verdade e vida) são ativos e dinâmicos. O caminho leva a Deus; a verdade torna o homem livre; a vida produz comunhão com Deus”.

Filipe então faz um pedido que todo ateu incrédulo quer como prova da existência de Deus: vê-lo. “Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta” – (João 14:8). Jesus aparenta ter ficado bem decepcionado com o pedido de Filipe. Por quê? Um Deus visível só pode ser visto em um mundo onde a fé não é mais necessária (no Jardim do Éden, por exemplo). Em um mundo de pecado como o que nós vivemos, Deus só pode ser “enxergado” pela fé daqueles que creem nele. Esse é o princípio da comunhão com Deus (Hb.11:6). O que Filipe disse foi algo totalmente incoerente, pois vai muito além da visão que Pedro, Tiago e João viram de Moisés e Elias, ele queria ver o próprio Criador.

Entendo que se Deus se revelasse em glória para toda a humanidade, nem assim os homens renderiam adoração a ele como lhe é devido. Ainda no fim de tudo, no Apocalipse, os homens vão preferir adorar a Besta à prestar honra ao Deus criador (Ap.13:6). Aliás, Deus já tentou isso no passado e parece que não deu muito certo (Êx.20;18,19). Esse mesmo povo que viu isso tudo não entrou na Terra Prometida.

Mas existe outra maneira. “Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai”? (Jo.14:9). Jesus é o rosto de Deus! Mas para nós aqui do século XXI adianta alguma coisa? Sim. Podemos confiar em tudo quanto Jesus disse e fez na terra, apesar de não sabermos como era o seu aspecto físico. Isso pouco importa. Como diz a letra do hino O rosto de Cristo, de Josias Teixeira e Júnior Maciel:

E ao ver as gravuras dos quadros pintados
Daquilo que dizem ser o meu Senhor
Meu ser não aceita o que está na tela
É falsa a inspiração do pintor

Não creio, não creio num Cristo vencido
Cheio de amargura, semblante de dor
Eu creio num Cristo de rosto alegre
Eu creio no Cristo que é vencedor

Então Jesus discorre sobre o fato de que ele o Pai realizam as mesmas obras, ou seja, tem o mesmo caráter. E aí vem uma revelação bombástica: a de que aqueles que creem em Jesus farão as mesmas obras, e farão obras ainda maiores, já que os dias de Jesus estavam contados. Todas as obras feitas em nome de Jesus para que o Pai seja glorificado no Filho. Pedindo em nome de Jesus, ele o fará. E termina dizendo: “Se me amais, guardai os meus mandamentos(Jo.14:10-15).

Geisel de Paula

Cooperador da AD Vila Galvão - Guarulhos

BIBLIOGRAFIA

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne – Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2025.