Lição 10 – A expansão da Igreja

Texto base: Atos 8.1-8,12-15

Qual é o segredo para uma igreja crescer? O que faz com que uma igreja aumente o número de membros? O que esses quase dois mil anos de história podem nos ensinar?

Primeiramente e antes de tudo, precisamos definir: que tipo de crescimento estamos falando? Crescimento numérico? Quantitativo? Eu pergunto: isso é sinônimo de sucesso? Eu costumo dizer que Deus sempre preferiu trabalhar com a qualidade em vez da quantidade. Deus escolheu a Israel não porque eram numerosos, e sim porque apenas desejou escolher (Dt.7.7,8); foi assim também quando quis dar a Gideão vitória sobre os seus inimigos, e de um exército de 32 mil ficaram apenas 300 [- de 1%] (Jz.7.2); e quando escolheu a Saul como rei o fez da menor tribo que havia (1Sm.9.21). para você não dizer que eu usei apenas exemplos do Antigo Testamento, vemos o caso da igreja de Sardes (Ap.3.4) e de Filadélfia (Ap.3.8), que mesmo em minoria, fizeram toda a diferença diante de Deus.

Bom, deixando essa questão de lado, todo mundo quer ver uma igreja crescer também numericamente, não é verdade? E qual seria o melhor método de crescimento?

__Crescimento por células (culto nos lares);

__Crescimento através do engajamento nas redes sociais;

__Crescimento através de atrativos e emoção [balada, coaching, autoajuda];

__Crescimento através da Teologia da Prosperidade;

__Crescimento através de igreja-empresa, cobrando resultados;

__Crescimento através do mistério [G-12, confrarias, seitas];

__Crescimento através de uma liderança carismática;

__Crescimento através da manifestação de dons apenas;

__Crescimento através do estudo da Palavra de Deus;

__Crescimento através de boa música;

__Crescimento através do jejum e da oração;

__Crescimento através do Evangelismo e do Discipulado;

__Crescimento através da perseguição.

A igreja apostólica cresceu em quais circunstâncias? Não existiam templos, por isso os cultos eram realizados nas casas; ainda não existia uma Bíblia, mas eles compartilhavam os ensinamentos de Cristo e suas lembranças; não existia ainda uma liderança constituída, mas todo mundo tinha uma voz, e os discípulos tinham a primazia da Palavra de Deus; mas já havia muita oração e jejum, pregação do Evangelho, mas principalmente, e partir de um certo momento, a perseguição estourou.

Será que não tinha como crescer sem perseguição? Precisava mesmo o sofrimento? Em Missão, costumamos dizer que quando Atos 1.8 não é cumprido, Atos 8.1 acontece. Vamos ler: ⁸ “Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. E: ¹ “E também Saulo consentiu na morte dele [Estêvão]. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria, exceto os apóstolos”. Tudo isso aconteceu porque o projeto “confins da terra” ainda não havia saído do papel. Tudo isso aconteceu a partir da morte de Estêvão. Mas vamos falar de Filipe primeiro.

O autor José Gonçalves relata: “Pois bem, o ministério de Filipe move-se em três eixos: (1) o eixo logocêntrico, (2) o eixo cristocêntrico e (3) o eixo pneumodinâmico. Isso quer dizer que o ministério dele era centralizado na Palavra de Deus, na cruz de Cristo e no poder do Espírito Santo. E possível ver com clareza no capítulo 8 de Atos essas três dimensões do ministério de Filipe. E exatamente por estar firmado nesse tripé teológico que o ministério de Filipe contribuiu extraordinariamente para a expansão da Igreja”.

Um ministério logocêntrico

Segundo Gonçalves: “Um fato a ser destacado na pregação de Filipe era o seu conteúdo. O texto afirma que Filipe “pregava acerca do Reino de Deus” (At.8.12). O Reino deve estar no centro da pregação. Se firmarmos nossa pregação e ministério na Palavra de Deus, então não tem como as coisas não darem certo. Tudo que tem como base a Palavra do Senhor funciona. A Palavra de Deus não volta vazia: “Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”” (Is.55.11).

Gonçalves ainda pondera:Jesus viera implantar o Reino de Deus e ele já era uma realidade presente. O ministério de Filipe em Samaria era uma demonstração dessa verdade:“[...] os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados” (At.8.7). O evangelho é a promessa de cura da alma, mas também do corpo (Is.53.4,5; Mt.8.16,17). A doença é um subproduto do pecado, uma consequência dele.

Um ministério Cristocêntrico

Segundo Gonçalves: “A centralização em Cristo do ministério de Filipe é claramente demonstrada no texto bíblico em Atos 8.5 (“E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo”) e em Atos 8.12 (“Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do [...] nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres”). Pregar a Cristo e o nome dEle é pregar tudo o que Cristo é e representa. A pregação no contexto da Igreja Primitiva era centrada na cruz de Cristo e tinha como tema central a sua morte, ressurreição e glorificação. Tanto os apóstolos como os demais crentes demonstravam nas suas vidas e testemunhos que Jesus Cristo continuava vivo”!

Em minha opinião, toda mensagem precisa ser necessariamente cristocêntrica. Você pode pregar em qualquer lugar da Bíblia, desde Gênesis, Salmos, Lamentações de Jeremias, Cantares ou Provérbios, passando pelas cartas Paulinas, Judas ou Apocalipse, mas você precisa através do texto, mostrar Jesus. Pregue na genealogia dos reis de Israel, mas mostre Jesus; pregue em um provérbio contra a preguiça, mas termine falando de Jesus; pregue na abertura dos sete selos, mas mostre a esperança que há em Cristo. Jesus é o centro da Bíblia. Tudo culmina nele. Aleluia!

Um ministério pneumodinâmico

Ainda Gonçalves: “Outro eixo da pregação de Filipe estava fixado nos carismas do Espírito. Era movido pela força do Espírito Santo. Filipe curava os enfermos e expulsava os demônios mediante o poder do Espírito Santo. Simão, o mágico, que se convertera por meio do ministério de Filipe, queria esse poder: “Dai-me também a mim esse poder” (At 8.19). Ele ficou impressionado com a unção do Espírito na vida e ministério de Filipe (At 8.13). O Espírito de Deus, portanto, foi a grande força-motriz que impulsionou a Igreja na sua missão”.

Essa força sempre impulsionou o pentecostalismo. Historicamente, nunca fomos o povo mais letrado, com mais recursos financeiros, com mais infraestrutura, com nomes de renome, com ajuda externa, com uma tradição milenar, mas sempre fomos um povo cheio do poder do Espírito Santo e isso sempre fez toda a diferença. O pentecostalismo histórico foi marcado pelo poder de Deus através do seu Espírito. Hoje, os tempos mudaram. Depois de mais de cem anos de história, nos institucionalizamos, construímos grandes catedrais, temos homens e mulheres de renome, possuímos recursos financeiros, construímos seminários de saber, nos tornamos conhecidos nos meios de comunicação e estamos presentes até mesmo na política. Mas parece que perdemos a essência, como na famosa frase de Tomás de Aquino para o Papa Gregório, o Grande. “A igreja não pode mais dizer: Levanta-te e anda”.

Geisel de Paula

Bibliografia

EARLE. Ralph. MAYFIELD. Joseph H. Comentário Bíblico Beacon – João a Atos. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2006.

NEE. Watchman. A vida cristã normal. Editora Fiel. São José dos Campos.

GONÇALVES. José. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2025.

https://search.nepebrasil.org/

https://boullan.wordpress.com/2017/01/21/conversao-de-moedas-e-valores-tudor-para-atualmente/

https://www.otempo.com.br/brasil/2024/6/6/conheca-a--we-are-reino---igreja-luxuosa-que-e-alvo-de-criticas-

https://www.adorocinema.com/filmes/filme-5272/