Lição 10 – A promessa do Espírito Santo

ADULTOS | 3° TRIMESTRE 2025

Texto base: João 14:16-18, 26; 16:7,8,13; 20:21,22

Entre a realidade presente do Jesus histórico ainda junto aos seus discípulos, embora por pouco tempo, e a esperança prometida no início do capítulo 14 do Evangelho de João de um lugar preparado junto dele na eternidade (Jo.14:1-3), Jesus faz outra promessa que figura entre o ‘ainda não’ e o ‘daqui a pouco’, que é a promessa de um Consolador que ocupará o lugar vago deixado por Cristo quando este for assunto ao céu. Estamos falando da pessoa do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade tão incompreendida e negligenciada até os dias de hoje por muitos. E a promessa de Jesus é que essa pessoa ficará conosco para sempre (v.16), o que convenhamos, é muito tempo. Talvez por isso precisamos conhecer mais a fundo esse ser glorioso.

Enquanto Cristo estava neste mundo, Ele era o Consolador, mas prometeu que outro Consolador seria enviado pelo Pai. A palavra grega para “consolador” é parakletos, cujo sentido é alguém chamado para ajudar, aconselhar ou mesmo interceder a favor de outra pessoa. Ora, um parakletos é como um amigo íntimo que atua como um advogado, ou consultor especial, ou mesmo como um assistente para ajudar em momentos especiais. A frase “outro Consolador” identifica o Espírito Santo como uma pessoa, o que reforça a crença de que o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade. A palavra “outro”, na língua grega do Novo Testamento, é allos e significa “outro” da mesma natureza. Apontando assim para outra pessoa, não um mero poder ou uma luz, mas, sim, para alguém que veio fazer morada do coração daqueles que creem em Cristo e o aceitam como Salvador de suas vidas.

Uma vida sem Jesus não vale a pena ser vivida. Não depois que você o conhece. É como diz o hino: “Quem já pisou, no Santo dos Santos, em outro lugar, não sabe viver”. Talvez por isso Jesus prometa outro consolador. Uma demora que durou dez dias. Talvez se Jesus dissesse que demoraria mais de dois mil anos para voltar, os discípulos ficasse desesperados, mas fato é que O Espírito Santo, o Consolador, veio para reavivar a presença de Jesus no cerne de sua igreja e para fazer lembrar todos os ensinamentos de Jesus. Ele não os deixaria “órfãos”, mas enviaria o Espírito Santo, como aconteceu no Dia de Pentecostes, como bem sabemos.

Jesus o chama do ‘o Espírito da verdade’, que o mundo não tem condições de receber, porque não o vê (?) nem o conhece, mas vós o conheceis (e não vemos), porque habita convosco (na pessoa de Jesus ou de forma presente?), e estará em vós (dentro de cada um como aconteceria em Atos 2), de forma progressiva até o seu ápice na inauguração da igreja.

No capítulo 15, dos 27 versículos apenas os dois últimos Jesus retoma o assunto do Espírito Santo (26 e 27). Grande parte do capítulo Jesus fala de si mesmo e de seu Pai. Jesus se identifica como a videira verdadeira, a última descrição dos ‘Eu sou’ do Evangelho de João:

A metáfora da videira é interessante. Jesus diz que é a videira (planta que produz uvas) verdadeira (isso porque devem existir videiras falsas, que não produzem frutos). Existe na Ásia uma planta chamada falsa videira, que tem o nome científico de Parthenocissus tricuspidata. É uma trepadeira que serve apenas para obter folhagens para ornamentação. Puro paisagismo. Essa planta não produz fruto. Já a videira, requer muitos cuidados para crescer, se desenvolver e produzir frutos. Existe algo externo à videira para que ela produza com qualidade, alguém sabe dizer o que é? É a treliça. Uma armação de madeira para que a planta possa fazer correr seus ramos, como trepadeira que é. A treliça existe para apoiar a videira, e não para aparecer mais do que ela. Se a treliça aparece e a videira não, alguma coisa está muito errada. Tudo vai bem quando a videira viceja, e a treliça fica escondida, apenas cumprindo a sua função, que é dar suporte para que a videira possa frutificar e crescer mais e mais.

Metaforicamente falando, o que é videira e o que é treliça aqui na igreja? Cultos, louvores dos departamentos, pregação e comunhão dos irmãos é videira ou é treliça? Tudo isso faz parte da videira. Programações de congressos, ensaios, cargos eclesiásticos, destinação das ofertas, liderança e despesas com a estrutura do templo, é videira ou é treliça? Em minha opinião, tudo treliça. Nós devemos nos preocupar mais com o que é videira do que o que é treliça. Recordo-me de uma vez em minha juventude quando o pastor me chamou e disse que eu deveria usar terno e gravata. Eu disse a ele que esperava que ele me cobrasse se eu estava orando pela madrugada, jejuando ou lendo a Bíblia, e não preocupado apenas com a minha vestimenta na hora do culto. Lembro que ele ficou olhando para mim em silêncio, e depois disse que eu precisava obedecer às determinações do ministério. Treliça.

A videira para crescer e se desenvolver, precisa ser podada, cortada, ajeitada, para que possa dar mais fruto. A videira é Cristo, e nós, as varas. Só daremos frutos se estivermos nele e ele em nós, porque segundo Jesus, nós não podemos fazer nada sem ele. Toda seiva que nós precisamos vem da raiz que é ele. Estando nele e ele em nós, a sentença é clara: “pedireis tudo o que quiseres, e vos será feito”. Nós sem estarmos em Jesus secamos e servimos apenas como lenha para o fogo. A glorificação do Pai está atrelada a nossa frutificação, o que denominamos de discipulado. O verso 16 Jesus complementa dizendo que o nosso fruto precisa permanecer.

Então, no final dessa perícope, Jesus volta ao assunto do Espírito Santo dizendo que vai enviar o Consolador, o Espírito de verdade, que procede do Pai, e que testificará dele próprio (Jesus), e que nós também testificaremos dele (Jesus), para aqueles que estão nele. Mas para isso, precisamos passar tempo com Jesus, em sua presença. No final, é isso que vai fazer a diferença.

E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (Jo.20:22). O imperativo “recebei o Espírito Santo”, naquele momento histórico, implicava saber que, a partir daquele instante, o Espírito seria derramado sobre aquelas pessoas. Não demorou muitos dias para que o derramamento acontecesse, porque quando fazemos a conexão do tempo decorrido entre a Páscoa e o Dia de Pentecostes, entendemos que foram apenas 50 dias depois da Páscoa. Na Páscoa, o Cordeiro da expiação foi imolado e somente 50 dias depois se poderia celebrar a Festa da Colheita, no Pentecostes. Isso se refere ao final das sete semanas que precederam o Pentecostes.

O fogo e o vento foram figuras representativas da manifestação do Espírito Santo no cenáculo onde estavam reunidas quase 120 pessoas aguardando a chegada do Espírito Santo (At 2.2-3). O texto diz literalmente: “e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles”. Simbolizando o Espírito Santo, o vento que soprou sobre aquele lugar de modo forte despertou aqueles discípulos de sua calmaria para perceberem que algo extraordinário estava acontecendo, porque o vento do Espírito soprou apenas sobre aquele lugar. Aquele vento tinha a força de um tornado que se conteve dentro daquela casa, sem destruir nada.

O batismo com o Espírito Santo foi uma experiência distinta na vida dos discípulos já convertidos a Cristo. Essa experiência não se restringiu àquele dia. O cumprimento da promessa foi para a igreja que nasceu naquele momento, mas a promessa é que o Espírito Santo alcançaria todas as gerações da igreja de Cristo na Terra até a volta de Jesus (At.2.38-39). Portanto, as línguas faladas, antes de tudo, eram espirituais, mesmo que tenham falado e ouvido em línguas estrangeiras (At.2.8). Portanto, a evidência física do falar em línguas é o sinal do batismo com o Espírito Santo. Não há batismo com o Espírito Santo sem essa evidência física. Assim acreditamos.

A promessa do Pai não restringiu o seu cumprimento ao grupo de discípulos no Dia de Pentecostes. Ela é uma promessa para todos os tempos da história da igreja. O seu cumprimento obedece a uma evolução histórica, que se inicia com Israel no Antigo Testamento; depois, manifesta-se no Dia de Pentecostes com o cumprimento da profecia do profeta Joel; e prossegue nos dias de hoje até a Segunda Vinda de Cristo no futuro. Enquanto isso, permanecemos em compasso de espera. A certeza que temos, é a de que o Espírito Santo é o nosso companheiro diário e de que ele intercede por nós a Deus e de que é o nosso Consolador em momentos de aflição. Essa é uma esperança que o mundo não tem e por isso não compreende.

Geisel de Paula

Cooperador da AD Belém Guarulhos – Congregação de Vila Galvão

BIBLIOGRAFIA

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne – Jesus sob o olhar do Apóstolo do Amor. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª Edição. 2025.

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