Lição 13 – Assembleia de Jerusalém

Por: Coop. Geisel de Paula

Texto base: Atos dos Apóstolos 15.22-32

Se eu perguntasse sobre o que a igreja de Jesus mais necessita nos dias de hoje, o que você diria? Avivamento? Reforma? Oração? Quebrantamento? Jejum? Arrependimento? Conversão? Quem sabe um novo espaço? Ar-condicionado ou um estacionamento? Acredito que poucos ou ninguém diria que a igreja necessita de reuniões ou convenções ministeriais que discutem sobre os ditames e o futuro das instituições. Quem já participou, sabe do que eu estou falando, e quem nunca participou, não está perdendo nada, pelo menos espiritualmente falando.

Não estou dizendo que não sejam necessárias essas reuniões e concílios (olha que nome bonito, concílio, que tem a ver com conciliação), mas que essas reuniões é a prova cabal de que um determinado grupo está deixando de ser um movimento para se tornar uma instituição, ou seja, a igreja passa pelo processo da institucionalização. Se isso é bom ou ruim, nós vamos descobrir a partir de agora.

Quanto tempo isso demora para acontecer, você pode perguntar. Bom, depende de caso a caso. No contexto da igreja de Jerusalém, demorou cerca de quinze anos. Parece pouco tempo, e é, mas isso aconteceu porque a igreja cresceu de forma muito rápida. De uma centena foi para milhares em muito pouco tempo. Como governar um povo tão grande? Para isso se fez necessário um corpo diaconal (7 diáconos), um corpo presbiteral (os anciãos da igreja) e um corpo apostólico (12 apóstolos).

Ainda no contexto da igreja apostólica de Atos 15, o autor José Gonçalves afirma: “No contexto do primeiro Concilio ou Assembleia da igreja de Jerusalém, o problema foi causado por crentes judeus, zelosos e observadores da Lei (legalistas). Esses crentes tinham ido até Antioquia visitar os novos crentes da igreja que havia sido implantada pelos cristãos dispersos. O texto deixa claro que eles foram até ali por conta própria e sem autorização dos líderes da igreja-mãe (rebeldes). Ao chegarem a Antioquia e vendo uma igreja formada por gentios, logo apregoaram que eles deveriam circuncidar-se e guardar a Lei de Moisés (At.15.1).

A salvação pelas obras também foi o estopim que fez eclodir a Reforma Protestante no século XVI. Esse quesito sempre foi uma pedra no sapato das instituições. O Catolicismo criou a tradição, a CCB criou o pecado imperdoável do adultério, a Assembleia de Deus criou os usos e costumes, a IPDA criou o RI e as igrejas neopentecostais de hoje continuam tendo as mesmas paredes criadas para impedir a salvação apenas pela graça, como por exemplo, o pagamento do dízimo ou a outras extravagâncias.

Como devemos proceder em casos como esse? Da mesma forma que a igreja apostólica agiu. Segundo Gonçalves: “Pelo contexto, depreende-se que houve no debate a participação de outros membros da assembleia presentes. Isso fez com que a decisão ali tomada tivesse a aceitação não apenas da liderança, mas de toda a igreja, e servisse de parâmetro para as demais igrejas cristãs já implantadas. Deve ser observado, contudo, que a resolução, embora evitasse impor aos gentios o legalismo judaico, trouxe algumas recomendações que iriam ajudar na convivência de judeus e gentios. Dessa forma, a Resolução de Jerusalém orientou as igrejas a: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes” (At.15.29)”.

Já John Stott diz o seguinte: “...todas as abstenções exigidas estavam ligadas às leis cerimoniais estabelecidas em Levítico 17 e 18, e três delas diziam respeito a questões dietéticas que poderiam impedir refeições comunitárias entre judeus e gentios. Abster-se seria uma concessão gentil e temporária (apesar de “essenciais” — v.28 — em certas circunstâncias) às consciências dos judeus, uma vez que a circuncisão fora declarada desnecessária, protegendo, assim, a verdade do evangelho e estabelecendo o princípio da igualdade”.

Ainda Gonçalves: “É interessante observarmos que Lucas destaca que essa resolução de Jerusalém foi uma decisão tomada pelo Espírito Santo e pela Igreja: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At.15.28). Esse texto mostra como o Espírito Santo orientava e guiava a primeira igreja nas suas decisões. Não era, portanto, apenas uma decisão tomada por uma pessoa ou, ainda, por um colegiado, mas por pessoas sob a orientação e direção do Espírito Santo. Isso explica por que a igreja de Jerusalém ser exitosa na sua tomada de decisões. Em resumo, podemos dizer que o Concilio de Jerusalém deve servir tanto de modelo como de alerta para nós. Infelizmente, não são poucas as decisões precipitadas tomadas hoje no contexto das igrejas. Às vezes, as decisões são tomadas de forma monocrática e unilateral, e, mesmo quando tomada por “nós”, muitas vezes não conta com a participação do Espírito Santo. Quando isso acontece, temos muitos problemas. O resultado é a fragmentação da igreja”.

Eu sempre me pergunto sobre a saúde da igreja evangélica do Brasil. Sei que a igreja em muitas partes do mundo está pujante e vigorosa, mas no contexto brasileiro, como será que estamos? Será que Jesus está satisfeito com os nossos resultados como povo de Deus? Será que os católicos obedecem ao escrutínio das Escrituras como deveriam? Será que os crentes tradicionais têm o fervor necessário que a Bíblia aponta? Será que os pentecostais históricos poderiam fazer mais no quesito Missões? E quanto aos neopentecostais, será que eles podem ser chamados de cristãos? Que Deus tenha misericórdia de nós!

Bibliografia

EARLE. Ralph. MAYFIELD. Joseph H. Comentário Bíblico Beacon – João a Atos. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2006.

NEE. Watchman. A vida cristã normal. Editora Fiel. São José dos Campos.

GONÇALVES. José. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. Editora CPAD. Rio de Janeiro. 1ª edição. 2025.

https://search.nepebrasil.org/

https://boullan.wordpress.com/2017/01/21/conversao-de-moedas-e-valores-tudor-para-atualmente/

https://www.otempo.com.br/brasil/2024/6/6/conheca-a--we-are-reino---igreja-luxuosa-que-e-alvo-de-criticas-

https://www.adorocinema.com/filmes/filme-5272/