O Sermão do Templo - Jeremias 7.1–15
Por: Pr. Ademir Dias
O Sermão do Templo - Jeremias 7.1–15
Introdução
O capítulo 7 de Jeremias é conhecido como “O Sermão do Templo”, proferido por Jeremias à porta da casa do Senhor, em Jerusalém.
Esse sermão confronta a falsa segurança religiosa de Judá, que acreditava que a presença do Templo bastava para garantir a proteção divina.
O povo mantinha os rituais, mas vivia em pecado — uma religião sem arrependimento.
Referência:
Antonio Gilberto, Comentário Bíblico Pentecostal do Antigo Testamento (CPAD, 1998), p. 657–659.
Hernandes Dias Lopes, Jeremias: O profeta da lágrima e do fogo (Editora Hagnos, 2010), cap. 6, p. 83–87.
Jeremias 7.1–2 — O Chamado Profético à Porta do Templo
“A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo: Põe-te à porta da casa do Senhor, e anuncia ali esta palavra…”
Jeremias recebe a ordem de pregar à entrada do Templo, local de intensa movimentação religiosa.
Deus queria que a mensagem de arrependimento fosse proclamada no coração da adoração formal, onde o povo escondia seu pecado sob o manto da religiosidade.
Comentário:
O problema não era o templo, mas a confiança errada nele.
A religião institucional havia substituído o relacionamento com Deus.
Segundo Antonio Gilberto (p. 658), “Deus exige santidade, não apenas frequência ao culto; quer corações purificados, não templos cheios.”
Referências Cruzadas:
Isaías 1.11–15 – Deus rejeita o culto hipócrita.
Amós 5.21–24 – O Senhor despreza festas sem justiça.
Aplicação Prática:
Assim como Jeremias, os pregadores de hoje devem ter coragem de pregar à porta dos templos modernos, onde há forma de piedade, mas negação do poder (2Tm 3.5).
A mensagem deve ser direta, bíblica e confrontadora.
Jeremias 7.3–7 — O Chamado ao Arrependimento Verdadeiro
“Corrigi os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar.”
A permanência em Jerusalém estava condicionada à mudança moral e espiritual.
Não bastava sacrificar — era preciso viver com justiça e misericórdia.
Comentário:
O arrependimento autêntico se manifesta em atitudes: justiça entre irmãos, cuidado com os necessitados e rejeição da idolatria.
Stanley M. Horton (em Comentário Bíblico Pentecostal, vol. 1, p. 711) observa:
“O arrependimento verdadeiro não é apenas um sentimento, mas uma mudança visível na vida e nas relações humanas.”
Referências Cruzadas:
Miquéias 6.6–8 – Deus exige justiça, misericórdia e humildade.
Tiago 1.27 – “A religião pura e imaculada diante de Deus é visitar os órfãos e as viúvas.”
Comentário (Donald Stamps, Bíblia de Estudo Pentecostal, p. 1032):
“Deus não aceita culto que não se traduza em prática de justiça. O arrependimento precisa ser fruto visível do Espírito.”
Aplicação Prática:
A fé sem obras é morta (Tg 2.17).
Hoje, Deus chama Sua Igreja a viver o evangelho de modo visível — menos aparência, mais obediência; menos ritual, mais arrependimento.
Jeremias 7.8–11 — A Falsa Confiança no Templo
“Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam.”
O povo repetia como um refrão religioso: “Templo do Senhor! Templo do Senhor!”, crendo que a simples existência do templo garantiria segurança.
Mas, para Deus, o templo havia se tornado um covil de ladrões — expressão citada por Jesus em Mateus 21.13.
Comentário:
John MacArthur comenta (Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1021):
“O povo via o templo como um talismã espiritual. Mas o templo não santificava o povo; era o povo santo que santificava o templo.”
Craig Keener (IVP Bible Background Commentary – Old Testament, p. 729) destaca que a frase “covil de ladrões” mostra que o templo havia se tornado refúgio para pecadores não arrependidos, e não para buscadores da justiça.
Referências Cruzadas:
Isaías 29.13 – O povo honra com os lábios, mas o coração está longe.
Mateus 21.12–13 – Jesus cita Jeremias ao purificar o templo.
Comentário (Antonio Gilberto, p. 659):
“Nenhuma estrutura religiosa substitui a santidade. Quando o templo se torna abrigo de pecado, a glória se retira.”
Aplicação Prática:
Hoje muitos confiam em denominações, cargos e títulos, mas Deus olha para o coração.
O verdadeiro templo do Espírito (1Co 6.19) é aquele onde há arrependimento contínuo e obediência à Palavra.
Jeremias 7.12–15 — O Exemplo de Siló e o Juízo de Deus
“Ide, pois, agora, ao meu lugar que estava em Siló... e vede o que lhe fiz por causa da maldade do meu povo Israel.”
Siló havia sido o centro do culto em Israel nos dias de Eli (1Sm 4.3–11), mas foi destruído quando a glória de Deus se retirou.
Jeremias usa esse exemplo para advertir Jerusalém: Deus não poupa o lugar sagrado quando o povo se torna profano.
Antonio Gilberto (p. 660) observa:
“O mesmo Deus que estabeleceu Siló permitiu sua destruição. Quando a adoração se torna formalidade, o altar se torna ruína.”
Hernandes Dias Lopes (cap. 6, p. 87) acrescenta:
“O templo pode continuar de pé, mas sem a presença de Deus ele é apenas um prédio vazio.”
Referências Cruzadas:
1 Samuel 4.10–11 – A Arca é levada pelos filisteus.
Salmo 78.60 – “Abandonou o tabernáculo de Siló.”
1 Pedro 4.17 – “O juízo começa pela casa de Deus.”
Aplicação Prática:
Nenhum templo, ministério ou líder é imune ao juízo divino.
Quando há pecado encoberto e ausência de arrependimento, Deus pode remover Sua glória (Ez 10.18–19).
A presença divina é privilégio dos que andam em obediência.
Síntese Doutrinária e Prática
A verdadeira adoração requer arrependimento.
→ João 4.23–24.
A adoração sem pureza é abominável.A presença divina depende da obediência, não da estrutura.
→ 1 Samuel 15.22.
Obediência é o altar onde Deus habita.O juízo começa pela casa de Deus.
→ 1 Pedro 4.17.
A santidade da Igreja é a medida da sua permanência.O Espírito Santo se retira de templos sem verdade.
→ Ezequiel 10.18–19.
O afastamento da glória é consequência da hipocrisia espiritual.
Aplicação Final:
Cada crente é hoje templo do Espírito Santo (1Co 6.19).
Assim como Jeremias advertiu Judá, o Espírito Santo adverte a Igreja:
– Não confie em aparências religiosas;
– Corrija seus caminhos;
– Viva em arrependimento constante.
A segurança do crente está na presença de Deus, não nas paredes do templo.
Fontes Consultadas (com páginas e capítulos)
Antonio Gilberto. Comentário Bíblico Pentecostal do Antigo Testamento. CPAD, 1998.
– Jeremias 7: p. 657–660.Donald C. Stamps. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
– Notas de Jeremias 7: p. 1031–1033.Stanley M. Horton. Comentário Bíblico Pentecostal do Antigo e Novo Testamento. CPAD, 2005.
– Seção sobre Jeremias: vol. 1, p. 711–713.Hernandes Dias Lopes. Jeremias: O profeta da lágrima e do fogo. Hagnos, 2010.
– Capítulo 6: p. 83–87.John MacArthur. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson, 2008.
– Notas de Jeremias 7: p. 1021–1022.Craig S. Keener.The IVP Bible Background Commentary: Old Testament. InterVarsity Press, 2000.
– Jeremiah 7: p. 728–730.


