O Vaso Do Oleiro: A Descrição Espiritual Da Nação
Por: Pr. Ademir Dias
Texto Bíblico: Jeremias 18.1–15
Lição 4 – 26 de outubro de 2025 – CPAD – 4º Trimestre
Introdução
O profeta Jeremias recebe de Deus uma ordem singular: “Levanta-te e desce à casa do oleiro” (Jr 18.2).
Essa descida física simboliza também uma descida espiritual Deus queria ensinar ao profeta uma lição profunda sobre a soberania divina, a restauração e a cooperação humana.
Enquanto o oleiro moldava o vaso, este se estragou, mas o oleiro tornou a fazê-lo um novo vaso, conforme lhe pareceu bem (Jr 18.4). Assim também Deus trabalha com Seu povo, moldando, corrigindo e refazendo, quando o vaso se quebra pelo pecado ou pela rebeldia.
“Como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jr 18.6)
“O símbolo do oleiro revela o propósito redentor de Deus. Ele disciplina, mas não destrói; corrige, mas com amor.”
Antônio Gilberto, Teologia Sistemática Pentecostal, p. 245
Aplicação introdutória:
Deus ainda trabalha em nós. Mesmo quando o vaso parece rachado ou sem forma, o Oleiro continua no controle. O quebrantamento é o início da restauração.
Contexto Histórico e Cultural
1. Contexto histórico:
Jeremias profetizou entre 627 e 586 a.C., durante os reinados de Josias, Jeoiaquim e Zedequias, pouco antes da queda de Jerusalém. O povo de Judá vivia um período de apostasia religiosa e corrupção moral.
A idolatria havia penetrado no templo (Jr 7.30), e os líderes espirituais se afastaram da Palavra. Deus envia Jeremias como voz profética de advertência, chamando a nação ao arrependimento antes do exílio babilônico.
2. Contexto cultural:
A imagem do oleiro e do barro era familiar no Oriente Antigo.
Os oleiros trabalhavam em pequenas casas, com uma roda inferior movida pelo pé e uma roda superior sobre a qual moldavam o barro úmido. O vaso quebrado não era descartado — o barro era umedecido novamente e refeito.
Essa cena era comum em Judá, especialmente nas regiões de Gate-Hefer e Anatote, onde havia depósitos naturais de argila.
Deus usa, portanto, um símbolo cotidiano e compreensível para ensinar uma verdade espiritual profunda.
“Deus fala em linguagem que o povo entende. O trabalho do oleiro era o sermão visual que Jeremias precisava ver.”
Hernandes Dias Lopes, Jeremias: lágrimas e esperança, p. 127
Aplicação cultural:
O Evangelho sempre se encarna no cotidiano. Deus ainda fala através das “casas do oleiro” da vida nas circunstâncias, dores e processos onde somos moldados por Sua mão.
A PARÁBOLA DA CASA DO OLEIRO
1. Compreendendo o texto
O oleiro moldava o barro na roda, mas o vaso se estragou. Ele não o descartou; refez o vaso conforme o que lhe pareceu bem (Jr 18.4).
Essa parábola ilustra o poder de Deus para corrigir e restaurar a nação.
Isaías 64.8 “Tu és nosso Pai; nós o barro, e tu o nosso oleiro.”
Romanos 9.20–21 “Porventura o barro dirá ao oleiro: Por que me fizeste assim?”
“A paciência do Oleiro é a esperança do barro.”
Derek Prince, Vida Plena no Espírito, p. 77
Aplicação:
O servo quebrado ainda pode ser restaurado. O fracasso não é o fim, mas o reinício quando estamos nas mãos do Oleiro.
2. Jeremias recebe a mensagem
Deus não apenas fala, Ele mostra. Jeremias aprende pela observação. O barro representa o homem; a roda, as circunstâncias; e o oleiro, Deus.
Jeremias 1.5 “Antes que te formasse no ventre, te conheci.”
Filipenses 1.6 “Aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la.”
“Deus mostra a Jeremias que Ele não rejeita o barro quebrado. Se o povo se arrepender, Ele refaz.”
David Guzik, Enduring Word Commentary, Jr 18:5–10
Aplicação:
O Espírito Santo ainda fala aos que observam com atenção. O aprendizado espiritual nasce da sensibilidade ao toque do Oleiro.
3. A mensagem da casa do oleiro
O vaso deformado representa Israel corrompido pelo pecado; o oleiro representa Deus, que tem o direito de refazer o vaso segundo Sua vontade.
Salmo 51.10 “Cria em mim, ó Deus, um coração puro.”
Ezequiel 37.5 “Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.”
“A maior resistência que Deus encontra não é no diabo, mas no coração endurecido do homem.”
Luciano Subirá, O vaso nas mãos do oleiro, 2023
Aplicação:
Deus não joga fora o vaso rachado. Ele o restaura. O processo pode ser doloroso, mas o resultado é santidade e utilidade.
A SOBERANIA DE DEUS
1. Soberania
Deus é o Oleiro supremo. Ele tem o direito e o poder de agir conforme Sua vontade.
A soberania divina não é tirania, mas expressão de amor e justiça.
Salmo 115.3 “Faz tudo o que lhe agrada.”
Daniel 4.35 “Segundo a sua vontade ele opera.”
Romanos 11.33 “Quão insondáveis são os seus juízos!”
“A soberania divina não anula a responsabilidade humana.”
Antônio Gilberto, Teologia Sistemática Pentecostal, p. 246
Aplicação:
Aceitar a soberania de Deus é reconhecer que Ele tem um plano melhor, mesmo quando não compreendemos o processo.
2. Familiarizado com a soberania de Deus
Jeremias aprendeu que o Oleiro nunca erra. Mesmo quando o vaso se quebra, Deus continua fiel.
Jó 23.10 “Quando me provar, sairei como o ouro.”
Isaías 48.10 “Eis que te purifiquei, mas não como a prata.”
“O Deus que quebra é o mesmo que refaz. O sofrimento é a oficina onde o caráter é moldado.”
Hernandes Dias Lopes, Jeremias: lágrimas e esperança, p. 133
Aplicação:
O servo maduro entende que as provações são ferramentas de Deus para aperfeiçoá-lo.
3. A cooperação humana
Deus quer moldar, mas o homem precisa ser moldável. O barro endurecido deve ser novamente umedecido símbolo da ação do Espírito Santo.
João 7.38–39 “Rios de água viva fluirão do seu interior.”
Salmo 51.17 “Coração quebrantado e contrito não desprezarás.”
“O oleiro nunca trabalha com barro seco. A água simboliza o Espírito Santo que torna o coração sensível.”
David Pawson, Commentary on Jeremiah, p. 184
Aplicação:
O coração endurecido impede a obra do Espírito. Somente o crente quebrantado pode ser usado por Deus.
ADVERTÊNCIA SIM, ESPERANÇA E AMOR TAMBÉM
1. Advertência divina
Deus adverte Judá: se não se arrepender, será destruído. Mas até na advertência há misericórdia.
Provérbios 29.1 “O homem que endurece a cerviz será destruído de repente.”
Apocalipse 3.19 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo.”
Aplicação:
Toda disciplina divina é uma expressão do amor do Oleiro que quer restaurar o vaso rachado.
2. Uma advertência de amor e esperança
Mesmo advertindo, Deus oferece oportunidade de arrependimento.
“A roda do oleiro continua girando. Enquanto ela gira, há tempo para arrependimento.”
Melissa Ramos, Working Preacher Commentary, Jr 18.1–11
Isaías 1.18 “Vinde, e arrazoemos.”
1 João 1.9 “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo.”
Aplicação:
Deus dá tempo ao pecador. Enquanto a roda gira, há esperança de restauração.
3. A restauração de um povo
Deus não abandona o vaso, mas o refaz para Sua glória.
“O vaso quebrado não é o fim; é o recomeço nas mãos do mesmo Oleiro.”
Chris Kwakpovwe, Our Daily Manna, 2022, p. 317
Ezequiel 36.26 “E vos darei coração novo.”
Filipenses 2.13 “Deus é quem efetua em vós o querer e o realizar.”
Aplicação:
A restauração nacional de Israel aponta para a restauração espiritual da Igreja o vaso de honra que Deus prepara para o avivamento final.
Conclusão
O Oleiro ainda trabalha. Ele não desistiu do barro.
O mesmo Deus que corrige é o que restaura, e o mesmo que quebra é o que faz novo.
Filipenses 1.6 “Aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la.”
Aplicação final:
Permita que o Espírito Santo molde seu coração.
Mesmo que a roda gire rápido e o fogo aqueça, lembre-se: você ainda está nas mãos do Oleiro.
Bibliografia e Referências
Bíblia Sagrada, ARC e NAA.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2008.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
DIAS LOPES, Hernandes. Jeremias: lágrimas e esperança. Hagnos, 2019.
GUZIK, David. Jeremiah 18 – Lessons at the Potter’s House. Enduring Word, 2023.
PAWSON, David. A Commentary on Jeremiah. Anchor Recordings, 2018.
SUBIRÁ, Luciano. O vaso nas mãos do oleiro. 2023.
RAMOS, Melissa. Commentary on Jeremiah 18:1–11. Working Preacher, 2022.
KWAKPOVWE, Chris. Our Daily Manna Devotional. Lagos: Manna Prayer Mountain Ministry, 2022.
PRINCE, Derek. Vida Plena no Espírito. Vida, 2005.
HAYFORD, Jack W. Living the Spirit-Formed Life. Thomas Nelson, 2001.


